Por Luciano Endrigo
A agricultura convencional trata a área do plantio inteira como homogênea, aplicando a mesma quantidade de insumos, defensivos e fertilizantes por toda a superfície da lavoura. Diferente disso, a agricultura de precisão tem agregado a si o conceito de que o solo não é uniforme e possui em cada ponto variações em vários aspectos como o pH, fertilidade, quantidade de ervas daninhas, umidade do solo, compactação e diversos outros fatores. Desse modo a agricultura de precisão trata cada parte da extensão do solo de forma única e corrigindo em cada parte apenas o necessário, conseguindo assim aumentar a produtividade e diminuindo o consumo de insumos e a degradação do meio ambiente.
A agricultura de precisão pode atuar em todas as etapas produtivas da plantação, como a preparação do solo (Análise do solo, aplicação de fertilizantes), plantio (plantio com taxas variáveis de acordo com o potencial produtivo de cada área), acompanhamento da lavoura (aplicação localizada de defensivos agrícolas, acompanhamento da lavoura para mapeamento de pragas e doenças) até a colheita (utilizando máquinas com sensores de produtividade).
As ferramentas utilizadas na AP são variadas, desde máquinas agrícolas com GNSS (Global Navigation Satellite System), piloto automático, drones, sensores dos mais variados tipos, barras de luz, softwares de gerenciamento agrícola e diversos outros.
Em sumo, são definidas 3 etapas: A coleta de dados, em que é identificada cada fator do solo de forma independente; o planejamento do gerenciamento, que é avaliar os dados coletados e elaborar uma estratégia de gerenciamento agrícola criando mapas de aplicação de insumos e diagnóstico de toda a lavoura; e a aplicação localizada de insumos, aplicação automática dos insumos de acordo com a estratégia elaborada.
Falando um pouco das vantagens e desvantagens da AP, como vantagens podemos citar: diminuição dos custos da produção, melhora no controle de pragas, melhora do controle em todas as etapas do processo utilizando sistemas informatizados de alto desempenho, maior longevidade do solo pelo menor uso de defensivos agrícolas e melhor fertilização da terra; e como desvantagens (que são mínimas) podemos citar duas que são o alto investimento inicial e capacitação para manusear os softwares. Pode-se fazer um adendo quanto ao “alto investimento inicial" já que, segundo estudos apontados pelo grupo Agropos o rendimento após a utilização da AP pode aumentar em até 67%, desta forma a AP se ‘auto-paga’ com o tempo.
Um pouco da história para finalizar
“Os primeiros relatos acadêmicos de técnicas que trabalhavam com a variabilidade espacial dos atributos do solo datam da década de 1920. No Brasil, a Agricultura de Precisão foi introduzida em meados da década de 1990, porém os avanços significativos só aconteceram a partir de maio de 2000, quando o Sistema de Posicionamento Global (GPS, acrônimo do inglês Global Position System), que é de propriedade do Departamento de Defesa dos Estados Unidos para uso militar, eliminou um erro proposital no sinal, diminuindo as incertezas no posicionamento de aproximadamente 45 metros para 6,3 metros.
No meio acadêmico, a ESALQ/USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – Universidade de São Paulo) esteve entre as pioneiras, organizando em 1996 o primeiro Simpósio sobre Agricultura de Precisão.
No início dos anos 2000, no RS surgiu o Projeto Aquarius, desenvolvido pela UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) em parceria com empresas privadas. Neste mesmo período, outras instituições de pesquisa como a UFV (Universidade Federal de Viçosa) também tiveram iniciativas pioneiras em outras regiões.
Os produtores pioneiros tiveram contato muito próximo com as instituições de pesquisa, muitos deles oferecendo suas propriedades como áreas de teste.
A nova fase da AP avançou para além dos equipamentos e das culturas de milho e soja, aplicando-se a todos os sistemas de produção que apresentem variabilidade. Assim, as demandas atuais para a AP têm se voltado para a gestão da variabilidade espaço-temporal, ao entender que ao tratar com respeito os diferentes atributos inclusive espaciais da lavoura aumenta o retorno econômico e minimiza os danos ao meio ambiente. Esse enfoque apresenta grandes desafios às tecnologias e aos conhecimentos disponíveis sobre sistemas de produção anteriormente considerados uniformes, pois as técnicas de manejo até então não consideravam a grande variabilidade da produção e da qualidade hoje detectadas.
A Embrapa também contribui com o desenvolvimento da Agricultura de Precisão no país organizando uma Rede de Pesquisa com mais de 200 pesquisadores e 19 Unidades de Pesquisa e diversos colaboradores de universidades, institutos de pesquisa e empresas. A Rede Agricultura de Precisão tem 15 áreas experimentais distribuídas no Nordeste, Centro-oeste, Sudeste e Sul do país, cobrindo culturas anuais (milho, soja, trigo, arroz irrigado e algodão), culturas perenes (eucalipto, uva, pastagem, cana-de-açúcar, laranja, maçã e pêssego), além de experimentos na área da zootecnia de precisão.
Fonte:
Cartilha Agricultura de Precisão para todos, do Senar”
Fontes do texto:
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